quarta-feira, 24 de março de 2010

Marchinha carnavalesca


Pelo telefone, a famosa música de Donga e Mauro de Almeida, foi gravada pela primeira vez por Pixinguinha. Um dos versos dizia "O chefe da polícia pelo telefone manda lhe avisar que na Carioca tem uma roleta para se jogar." Mas a versão cantada nas ruas, no carnaval de 1917, era ligeiramente diferente da original; O chefe da polícia/ pelo telefone / mandou avisar / que na carioca/ tem uma roleta/ para se jogar/ ai, ai ai / o chefe gosta de roleta / ô maninha / ai, ai, ai / ninguém mais fica forreta/ é maninha / chefe aureliano / sinhô, sinhô / é bom menino / sinhô, sinhô / prá se jogar / sinhô, sinhô / de todo o jeito / sinhô, sinhô / o bacará / sinhô sinhô / o pinguelim, / sinhô, sinhô / tudo é assim.



É que meses antes, em outubro de 1916, o chefe de polícia do Distrito Federal, Aureliano Leal, determinou por escrito aos seus subordinados que informassem " antes pelo telefone" aos infratores a apreensão do material usado no jogo de azar.

Não foi poupado!
Livro dos Políticos - Herodoto Barbeiro e Bruna Cantele

quinta-feira, 4 de março de 2010

COMEÇOU MAL


Contam as más linguas que ainda nos tempos do Império teve lugar no Rio de Janeiro - para onde o monarca português tinha fugido de Napoleão - uma eleição para escolha dos representantes da Comarca às Cortes de Lisboa.

Confunsão instalada, aquilo mais pareceia um mercado de peixe. No calor do entusiasmo, alguém propôs acabar com o poder absoluto e deu vivas à Constituição. Não faltaram adesões à idéia, e logo ficou decidido que o rei deveria jurar a Constituição. Ótimo - se Constituição houvesse. Mas, pequeno detalhe, não havia! Nem portuguesa nem brasileira. Na falta de outra, resolveram jurar a Constituição espanhola.


Assim sendo, no dia seguinte foi publicado o seguinte decreto:


" Havendo tomado em cosideração o termo de juramento, que os Eleitores Parochiaes desta Comarca, a instancias e declaração unanime do Povo della, prestaram à Constituição Hespanhola, e que fizeram subir à minha real Presença, para ficar velado inteiramente a dita Constituição Hespanhola, desde a data do presente até a instalação da Constituição em que trabalham as Cortes actuaes de Lisboa, e que Eu Houve por bem jurar com toda minha Corte, Povo e Tropa, no dia 26 de fevereiro do anno corrente: Sou servido ordenar, que de hoje em diante se fique estricta e litteralmente observando neste Reino do Brasil a mencionada Constituição Hespanhola, até o momento em que se ache inteira e defnitivamente estabelecida a Constituição deliberada e decidida pelas Cortes de Lisboa.

Paço de Boa Vista, aos 21 de abril de 1821.

Com a rubrica de sua Majestade."


O Livro dos Políticos

Hérodoto Barbeiro e Bruna Cantele

quarta-feira, 3 de março de 2010

Maria I - A Rainha Louca




Em novembro de 1807, o príncipe regente dom João VI e parte da família real vieram para o Brasil, aconselhados pela Inglaterra, por causa dos avanços de Napoleão. A mãe do rei, dona Maria I, era clinicamente louca ( assim declarada desde 1792). E, como louca, gritou e urrou à vontade em protesto, no cais de Lisboa, nauqela que ficaria conhecida como "a noite da covardia".




O autor Oliveira Martins escreveu " Foram, aliás, seus gestos alucinantes, o único vislumbre de vida, pois o brio, a força, a dignidade portuguesa, acabavam ali nos lábios ardentes de uma rainha doida..."




Mas a fidalga senhora podia ser louca, mas não era burra, Anos antes, em 5 de janeiro de 1785, promulgou um alvará sobre as indústrias do Brasil. Trechos:




" Eu a rainha faço saber aos que este alvará virem:


Que sendo-me presente o grande número de fábricas e manufaturas que de alguns anos por esta parte se têm difundido em diferentes capitanias do Brasil, com grave prejuízo da cultura, e da lavoura, e da exploração de terras minerais daquele vasto continente; porque havendo nele uma grande, e conhecida, falta de população, é evidente que, quanto mais se multiplicar o número dos fabricantes, mais diminuirá o dos cultivadores; e menos braços haverá que se possam empregar no descobrimento, e rompimento de uma grande parte daqueles extensos domínios que ainda se acaha inculta, e desconhecida.


[...]




Em consideração de todo o referido, hei por bem ordenar que todas as fábricas, manufatiras ou teares[...] fazendas grossas de algodão, que servem para o uso e vestuário de ngros, para enfadar, para empacotar, e para outros ministérios semelhantes; todas as mais sejam extintas e abolidas por qualquer parte em que se acharem em meus domínios do Brasil, dabaixo de pena de perdimento, em tresdobro, do valor de cada uma das ditas manufaturas, ou teares, e das fazendas que nales houver e que se acharem existentes dois meses depois da publicação desta, [...] repartindo -se a dita condenação metade a favor do denunciante, se houver, e outra metade pelos oficias que fizerem a diligência; e não havendo denunciante, tudo pertencerá aos mesmo oficiais."




Já se percebe quando tiveram origem certas pr´ticas nossas conhecidas....




fonte: O livro dos Políticos, autores Heródoto Barbeiro e Bruna Cantele

terça-feira, 2 de março de 2010

Primeira Dívida Externa - Indenização a Portugal


Nossa famigerada independência política, em 1882, acarretou nossa dependência econômica: o Brasil foi obrigado a pedir dinheiro emprestado à Inglaterra para pagar uma indenização de 2 miloões de libras esterlinas a Portugal, em troca do reconhecimento da nossa soberania. Também pagamos pela biblioteca Imperial: Ela foi avaliada pelo euqivalente a 250 mil libras esterlinas, valor que foi diretamente para o bolso de dom João VI. Observação irônica de um historiador português:"um analista se admiraria de não se venderem ao Brasil as suas árvores gigantescas e suas minas profundas, a cintilação do seu sol e dos olhos das suas mulheres, as cristas dos seus montes e os animais exóticos das suas florestas....".
fonte: O Livro dos Políticos,Heródoto Barbeiro e Bruna Cantele.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Deodoro da Fonseca


O Alagoano Deodoro da Fonseca comandou o Governo Provisório por dois anos. A primeira eleição da República foi indireta, e ele assumiu perante a Câmara. Em vez de assinar um termo de posse nos moldes que se tornariam padrão na República, publicou uma ata da proclamação e o Decreto n°, onde se estabelcem as normas governamentais que passariam a vigorar. O livro de posse só seria inaugurado em 1891. A política desenvolvida por Deodoro era vista como "centralizadora" contrária aos ideais federativos. Ele depôs vários governantes e fechou o Congresso, em 1891, desrespeitando a Constituição.

Velho, doente e autoritario, o primeiro presidente não foi o governante dos melhores sonhos republicanos. Formou um ministério composto de estrelas como Rui Barbosa, Campos Sales, Quintino Bocaiuva, e Benjamim Constat - que não se entendia entre si e muito menos com o chefe do governo. Quando surgiu o Jornal do Brasil, em abril de 1891, o primeiro governo republicano já vivia crise sobre crise, num processo que o levaria a um fim abrupto, ainda nauquele ano.

Deodoro que até então era chefe de um governo provisório, foi eleito presidente constitucional pelo Congresso. Mas preferiu governar sozinho, e em 3 de novembro fechou o congresso, decretou o estado de sítio e a censura à imprensa. A situação econômica do país era ruim; uma desenfreada especulação na Bolsa arruinava os produtores. Era o encilhamento. Movimentos grevistas e a ameaça de uma revolta na Armada (Marinha), capitaneada pole almirante Custódio de melo, levaram à renuncia do marechal, no dia 23 de novembro de 1891.

Historiadores sustentam, ainda hoje, que o marechal Deodoro teria dito " Viva o Imperador" e não "Viva a Republica" ao sacudir o quepe, montado em seu cavalo, no histórico 15 de novembro de 1889. Sua intenção seria apenas derrubar o gabinete dos visconde de Ouro Preto, mas estimulado por republicanos militantes, como Benjamim Constant e Quintino Bocaiúva, foi adiante e acabou derrubando toda a monarquia. De qualquer forma, Deodoro havia sido servidor fiel do Imperador, a quem pessoalmente respeitava. Transformado, querendo ou não, no primeiro presidente republicano, assumiu postura imperial, como é facíl perceber pela leitura do manifetso que lançou à nação ao dissolver o Congresso.


"[...]

A 15 de novembro de 1889, achei -me a vosso lado para deposição da monachia; hoje me encontraes ainda, fiel á minha missão de soldado e de brazileiro para depor a anarchia.

[...]

Para evitar todos males, resolvo,como disse, dissolver um assembléia que só poderá acarretar ainda maiores desgraças.

Assumo a responsabilidade da situação e prometo governar com a Constituição, que nos rege.

Garanto a paz, a ordem e a verdade das instituições republicanas."


O Generalismo do todas as forças de terra e Mar deu nosso primeiro golpe de Estado para não ter que passar pela vergonha de impedimento que o Congresso certamente aprovaria , pois ele tinha perdido a sustentação política. Mas 20 dias mais tarde, diante da ameaça de canhões da esquadra, ele renunciou governo ao vice, Floriano Peixoto.


O Jornal do Brasil saudou o fim da ditadura que causava, nas palavras do redator, um "desgosto profundo" no país. Desiludido e doente, Deodoro morreu no dia 23 de agosto de 1892. Dispensou honras militares e quis ser enterrado em trajes civis.
texto retirado do livro; O LIVRO DOS POLÍTICOS, dos autores Heródoto Barbeiro e Brunna Cantele.